quinta-feira, 29 de abril de 2010
Eles já com 17, 18 anos
Ela soube cedo aproveitar a sua beleza enigmática
O seu olhar de menina e seus cabelos de anjo que
Contracenavam com o corpo que se formava mulher
Aos 18 eram os meninos de 25 que ela seduzia,
Mostrava-se firme, destemida e pra frente
E assim os arrematava
Aos lotes
Sabia brincar com eles
Como um gatinho entediado arranhando seu novelo de lã
Aos 23 ela incendiava corações dos de 35, 40 anos
homens maduros, completos
que agiam como crianças na frente dela
extasiadas com seus encantos
fazendo de tudo para chamar sua atenção
aos 30 ela morreu
ia pro céu, mas o diabo arregalou os olhos quando ela passou casualmente pelos portões do inferno
e ela decidiu ficar por ali mesmo
arranjou mais um para brincar!
quarta-feira, 7 de abril de 2010
quinta-feira, 1 de abril de 2010
QUANDO FAZ FRIO POR DENTRO
E GUARDAM OS SEGREDOS ALHEIOS NO MEIO DE SUAS PERNAS.
AS MÃES EMPURRAM SUAS CRIANÇAS PARA DENTRO DA IGREJA ENQUANTO
VELHOS CANSADOS PROCURAM POR ALGO FAMILIAR NOS COPOS DO BAR.
AS ALMAS ESTÃO TODAS PENDURADAS NO VARAL
CHOVEU ONTEM A NOITE
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Ausências
e há pessoas que anseiam por mim lá fora.
Mas todo o meu foco está nos burracos
que a sua ausência não preenche
O maior deles, no meu peito.
Eu poderia morar ali dentro.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
MORTE DO MELHOR PELINHO DO MUNDO
E suas quatro patas sustentavam meu mundo
Foram centenas de panelas de brigadeiro compartilhas,
Milhares de passeios e algumas idas juntos á praia.
Era a melhor companhia para dias de chuva,
E assim como eu
Adorava vinho, a solidão e um bom piso gelado
Hoje nos separamos,
Meu pelinho sobe aos céus.
Descanse em paz, Ximia.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
E agora todas as noites ele acordava gritando, os olhos suados, o corpo endurecido
Olhava em volta, mas a casa permanecia quieta, vazia e fria,
Já fazia uma semana que tudo havia acontecido e o estado de torpor não se rompia
Era 23 de março quando ela foi embora, chovia muito
Ela não lhe disse muitas palavras, ou talvez tenha dito
Ele não se lembrava de muita coisa,
As imagens ficaram embaçadas pelas lágrimas, a voz dela entorpecida pela dor
E então, o fim: o barulho da porta batendo, e o frio crescendo no peito
Passava os dias na cama, biscoitos, lembranças e vodka espalhados pelo chão
Andando pelo quarto, era possível tropeçar em algum sentimento,
Cair dentro de uma caixa cheia de emoções,
escorregar num amontoado de “dias felizes”.
Ele desfazia-se de tudo, dos carinhos e das promessas,
Do “para sempre”.
Não sentia mais quase nada, apenas a dor no peito e o frio.
E o tempo foi passando,
Ela não voltou e ele não viu outra saída. Continuou a esvaziar-se.
Na mesa da cozinha ele depositou o seu coração,
Os pulmões ficaram na sala, ao lado do peixe azul,
Olhos, rins e fígados largados na caixa das lembranças no quarto...
Apenas a dor no peito e o frio.