quarta-feira, 28 de outubro de 2009

hakuna matata

hakuna matata - (Texto publicado na Revista Make up 3º edição)

Hakuna matata é filosofia de desenho infantil, porém seria ótimo se muitos adultos prestassem atenção em nossos sábios amiguinhos Timão e Pumba.
Não que eu ache que devemos todos esquecer os problemas, como sugeri a musica, mas não devemos dar a eles maior importância do que devem ter, e principalmente, não devemos criá-los.
Hakuna matata aparece então como uma versão moderna do "carpe diem", vivamos a vida leve, simples e plena.
É obvio que nunca teremos tudo que queremos, até porque este nosso mundinho capitalista nos faz querer ter cada vez mais coisas, é também obvio que problemas em nossas vidas sempre irão existir. E então se não tentarmos hakuma matatizar as coisas ficaremos um tanto quanto frustrados, correto?
O que importa é dar valor as coisas que são realmente importante; e já dizia a cativante raposa, amiga do pequeno príncipe: “O essencial é invisível aos olhos” então, assim sendo, deveríamos fechar os olhos para tudo que grita nossa atenção o dia inteiro e deixar que nosso coração nos mostre o que é essencial.
E isto não é uma tarefa árdua ou difícil, estamos apenas um pouco enferrujados, pois nossas obrigações de adultos tendem a nos cegar do que realmente é essencial para nossos corações.
Para desenferrujar, experimente observar uma criança, notaras que ao ser contrariada, a criança irá ficar chateada, provavelmente irá chorar e extravasar seus sentimentos, porem logo em seguida ela perceberá outras coisas que estão ao seu redor, pode ser um senhor simpático que passou por ela e fez careta, pode ser uma borboleta que pousou ali por perto ou uma nuvem no céu que se parece com um cachorro. O fato é que talvez devamos ser mais crianças, desviar a atenção e reanimar. Tombos todos nós teremos, erros todos nós cometeremos, mas teremos também a forca para continuar a caminhada, olhando para o alto e observando as nuvens em formas de cachorro, nos permitindo admirar a borboleta que pousou por perto e sem deixar passar despercebido a careta do senhor simpático.
É só isso, simples assim, basta treinar. HAKUNA MATATA

Não respirar você

É muito triste que eu não more no litoral, pois assim, sentindo a salina no rosto e a brisa do beijo de poseidon, poderia deixar de respirar você.
Poderia tirar o salto e andar pela areia macia, sentir o abraço de minha mãe Iemanjá a cada onda se aproximando e meu peito se esvaziaria de você.
É difícil para uma filha das águas viver em uma cidade cinza e concretada, uma cidade onde, ou se respira amor ou se respira asfalto e por falta de opção me vejo obrigada a continuar respirando você
É difícil para alguém que precisa da solidão e da calmaria, conviver com almas conturbadas que me comprimam para dentro de mim, cada vez mais...
E então quando surge você e a calmaria se faz presente em seus braços fortes, não consigo resistir ao abraço e volto a respirar você.
É uma doce armadilha, um caminho dúbio, onde inexplicavelmente encontro a paz em meio ao caos.
A linha entre o amor e o ódio nunca foi tão tênue, tão frágil e quebradiça, e eu nunca me segurei tão fortemente nela quanto agora o faço.
O medo de ficar ao seu lado é grande, pois ainda carrego as feridas abertas e ainda vejo as feridas que causei, mas o medo de seguir sozinha, de ser cinza em uma cidade cinza também se faz presente, e deve ser isso o que me prende hipnótica a respirar você.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Apenas mais uma estação

Ás vezes ainda sinto o cheiro de seu perfume
Como se um mar de você invadisse o meu ser
Embriago-me de sensações que nunca senti
e tenho medo de perder
O tempo, descalço, pisa suave pelo chão frio
Espia pela janela, e suspira alto
No fundo tem pena de mim
Hoje somente os cheiros me visitam
Sinto saudades do último verão
Quando sua carne me fazia companhia
e o tempo corria livre e sem roupas.

sábado, 24 de outubro de 2009

Kitinete

Eu moro sozinha e divido a cama com a morte
Ela me visita todas as noites e ao amanhacer
vai embora com um pedacinho de mim.

Pequeno

As gotinhas escorrem lentamente
cada uma que cai
é um pouco da vida do meu pequeno que me deixa
A chuva insiste na janela
tenho certeza que Deus chora comigo
Minhas lágrimas não conseguiriam sozinhas
chorar tamanha dor.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ela mora comigo agora
e dorme em cima do túmulo do irmão
me olha nos olhos, e pisca
Em suas asas voam os meus sonhos
E no seu ninho dorme a minha paz.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A letra

A letra deforma as palavras, por isso digitar torna-se mais fácil, é mais claro sem a alma querendo transpor a ponta da caneta.
Se escrever é tentar diminuir a febre de sentir, escrever de próprio punho é aumentá-la, é sentir ainda mais.
É ao ver a letra torta refletir a alma confusa, fazer o braço correr febrilmente na pressa de expressar, na tentativa de fazer passar, de parar o sentimento.

Eloisa Eckhoff

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Apenas Ela

Nasceu em fúria e viveu no furacão
Ela nunca habitou este mundo, ela o criou
Quando as primeiras cercas a trancaram
Ela as atravessou sem medo
Quando a estaca final a ameaçou
Ela lançou-se contra
Rompeu fronteiras e voou.