quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Não respirar você

É muito triste que eu não more no litoral, pois assim, sentindo a salina no rosto e a brisa do beijo de poseidon, poderia deixar de respirar você.
Poderia tirar o salto e andar pela areia macia, sentir o abraço de minha mãe Iemanjá a cada onda se aproximando e meu peito se esvaziaria de você.
É difícil para uma filha das águas viver em uma cidade cinza e concretada, uma cidade onde, ou se respira amor ou se respira asfalto e por falta de opção me vejo obrigada a continuar respirando você
É difícil para alguém que precisa da solidão e da calmaria, conviver com almas conturbadas que me comprimam para dentro de mim, cada vez mais...
E então quando surge você e a calmaria se faz presente em seus braços fortes, não consigo resistir ao abraço e volto a respirar você.
É uma doce armadilha, um caminho dúbio, onde inexplicavelmente encontro a paz em meio ao caos.
A linha entre o amor e o ódio nunca foi tão tênue, tão frágil e quebradiça, e eu nunca me segurei tão fortemente nela quanto agora o faço.
O medo de ficar ao seu lado é grande, pois ainda carrego as feridas abertas e ainda vejo as feridas que causei, mas o medo de seguir sozinha, de ser cinza em uma cidade cinza também se faz presente, e deve ser isso o que me prende hipnótica a respirar você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário